domingo, 30 de novembro de 2025
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Bernardo Mello Franco apresenta ‘Arquitetura da destruição’ em BH

EM 25 DE NOVEMBRO DE 2025, ÀS 04:12

Em março de 2019, durante sua primeira viagem internacional como presidente, Jair Bolsonaro afirmou em Washington que o Brasil não era um “terreno aberto” para construir um futuro, mas sim um país que precisava “desconstruir muita coisa”. Esta declaração se tornou um reflexo das diretrizes que orientaram seu governo nos três anos seguintes, conforme relata o jornalista e analista político Bernardo Mello Franco em seu livro “Arquitetura da Destruição – Um diário da era Bolsonaro, do palanque à condenação”.

O livro, que será lançado em Belo Horizonte na noite desta terça-feira (25), faz parte do projeto República Jenipapo e contará com uma conversa do autor com a historiadora Heloisa Starling. Ele compila artigos escritos por Bernardo para o jornal O Globo desde o final de 2017, quando Bolsonaro anunciou sua candidatura à presidência, até a condenação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em setembro passado, relacionada a uma tentativa de golpe de Estado.

Bernardo descreve seu processo de reunir os artigos como uma experiência desconfortável, comparando-a a um “trem fantasma”. A ideia de transformar os artigos em livro partiu da historiadora Heloisa Starling, que incentivou o autor a registrar um período visto como um marco histórico.

A obra contém mais de 200 artigos que abordam os quatro anos do governo Bolsonaro, evidenciando sua postura antidemocrática. O ex-presidente frequentemente fazia declarações de confronto, como ameaças à oposição, sugerindo que se não se afastassem do país, enfrentariam consequências severas. Em 2018, ele chegou a declarar que, se necessário, faria uma “limpeza” em relação aos “marginais vermelhos”.

Durante seu tempo como colunista, Bernardo também escreveu sobre a grave crise sanitária provocada pela pandemia. Ele criticou a gestão do ex-presidente, afirmando que o Brasil enfrentou a pior crise sanitária da história, acompanhada de um governo desastroso, que, em alguns momentos, chegou a desestimular a vacinação enquanto vidas se perdiam.

O jornalista ressalta que, mesmo na democracia, é comum haver diferentes opiniões sobre o papel do governo e a alternância de poder. No entanto, ele acredita que a experiência vivida sob o bolsonarismo não pode ser comparada a nenhuma outra.

Bernardo se posiciona como um “historiador à queima-roupa”, refletindo sobre eventos presentes e suas consequências. Ele mergulhou nas declarações anteriores de Bolsonaro que apoiavam a tortura e o autoritarismo para contextualizar o momento atual. No entanto, seus alertas frequentemente se mostraram infrutíferos. Durante o governo, muitos pedidos de impeachment foram ignorados, enquanto os apoiadores de Bolsonaro intensificavam suas manifestações, que culminaram em acontecimentos extremos, como a invasão dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.

O autor observa que, em 2018, havia dois grupos entre os analistas políticos: os que não acreditavam que Bolsonaro tentaria um golpe e os que sim. Ele se alinhava ao segundo grupo, ressaltando que o ex-presidente sempre revelou um projeto autoritário, que tentou implementar, mas encontrou resistência tanto no STF quanto nas Forças Armadas.

Informações sobre o livro:

  • Título: “Arquitetura da Destruição”
  • Autor: Bernardo Mello Franco
  • Editora: Autêntica
  • Número de páginas: 360
  • Preço: R$ 94,90
  • Lançamento: 25 de novembro, às 19h, na Livraria Jenipapo, em Belo Horizonte.

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