Em 2025, a crise de audiência da televisão aberta dominou as discussões sobre teledramaturgia, mas uma novela streaming se destacou: “Beleza Fatal”, lançada em janeiro na HBO Max. A produção, que não faz parte do grupo Globo, conquistou o público rapidamente, mantendo alta audiência e engajamento ao longo de seus 40 capítulos — um formato mais enxuto em comparação aos tradicionais mais de 200 episódios das novelas da TV aberta.
Escrita por Raphael Montes, “Beleza Fatal” apresenta um equilíbrio entre um ritmo moderno e uma narrativa clássica. A trama mescla elementos como vingança e heróis imperfeitos, oferecendo uma visão contemporânea do melodrama. O elenco foi um dos principais atrativos da novela. Camila Pitanga interpretou a vilã Lola de maneira carismática, gerando discussões e identificação com o público. Ao lado dela, Camila Queiroz e Giovanna Antonelli interpretaram mocinhas que caminham entre a busca por justiça e a obsessão, criando uma dinâmica que intensificou a tensão dramática da novela.
O sucesso de “Beleza Fatal” levou a Band a adquirir os direitos para exibi-la na TV aberta. No entanto, essa versão não conseguiu atrair o mesmo público e brilho que a novela alcançou no streaming.
Por outro lado, a novela “Vale Tudo”, escrita por Manuela Dias, não correspondeu às expectativas. Lançada para celebrar os 60 anos da Globo, o remake não conseguiu capturar a essência da obra original de 1988, escrita por Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères. A nova versão alterou a estrutura da trama, reposicionando a famosa vilã Odete Roitman, originalmente interpretada por Beatriz Segall, na figura de uma nova personagem vivida por Debora Bloch. Mesmo com uma atuação notável, a mudança de foco na narrativa diminuiu a relevância da personagem Raquel, interpretada por Taís Araújo, que se tornou uma coadjuvante em um enredo que parecia priorizar questões sociais em detrimento da força narrativa.
Ainda que a nova interpretação tenha trazido uma vilã forte, a desconstrução dos elementos fundamentais da história original comprometeu seu impacto e relevância, fazendo com que “Vale Tudo” não repetisse o sucesso marcante que a transformou em um clássico da televisão brasileira.