sexta-feira, 19 de dezembro de 2025
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BH inaugura cinema gratuito ao ar livre: descubra a Sala Cine Graciano

EM 18 DE DEZEMBRO DE 2025, ÀS 15:30

Cine Graciano: Nova Sala de Cinema de Rua em Belo Horizonte

Atualmente, 88% das salas de cinema no país estão localizadas em shoppings, de acordo com dados da Ancine. Como resultado, os cinemas de rua se tornaram uma raridade, especialmente em Belo Horizonte, que agora conta com apenas três salas desse tipo. No entanto, na capital mineira, uma nova opção surge: a Sala Cine Graciano.

Inaugurada no final de novembro, a Sala Cine Graciano ocupa uma casa tombada na Rua Itapecerica, 468, no bairro Lagoinha. Este espaço foi transformado em um centro cultural, oferecendo sessões gratuitas de cinema para a comunidade. Com capacidade para 50 pessoas, a sala foi pensada para promover uma experiência de assistir filmes de forma coletiva, acessível tanto para amantes da sétima arte como para aqueles que normalmente não têm acesso a esse tipo de programação.

De acordo com Bruna Piantino, uma das curadoras da sala, “o Cine Graciano é um espaço de resistência, que surgiu em Lagoinha, um bairro muitas vezes associado à vulnerabilidade social, mas que é também um polo de cultura vibrante”. Ela destaca a importância de não restringir a experiência cinematográfica apenas ao streaming, que se tornou cada vez mais popular.

A abertura do Cine Graciano acontece em um contexto em que muitas salas de cinema de rua em Belo Horizonte foram substituídas por estacionamentos, igrejas ou prédios de luxo. Bruna observa que há uma grande demanda por cinema alternativo que dialogue com as comunidades em que estão inseridos.

História do Coletivo Filme de Rua

O projeto que resultou na Sala Cine Graciano é fruto do trabalho do Coletivo Filme de Rua, que iniciou suas atividades há dez anos. A ideia surgiu quando a psicóloga Joanna Ladeira, o historiador Guilherme Fernandes Melo e a produtora Paula Kimo se uniram a jovens em situação de rua no Centro de Belo Horizonte para criar filmes coletivamente. O primeiro curta-metragem do coletivo ganhou prêmios e foi exibido em festivais, despertando o desejo de abrir uma sala de cinema.

A concepção do espaço foi simplificada; com um projetor, caixas de som, cadeiras e um telão, o coletivo se comprometeu a exibir filmes independentes, frequentemente negligenciados pelos circuitos comerciais. Desde então, produziu um curta e dois longas.

O Coletivo Filme de Rua inaugurou sua primeira sala, o Espaço Cultural Filme de Rua, em março de 2019, também no Centro. O local não apenas servia como sala de cinema, mas também como um espaço criativo para a produção de filmes. Contudo, devido à pandemia, as atividades foram suspensas até 2023, quando o coletivo entregou o espaço, mantendo a conexão pela internet.

A Nova Fase do Projeto

Em 2024, novas parcerias foram formadas, permitindo que o projeto da Sala Cine Graciano fosse aprovado para uma emenda parlamentar, com apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo de Minas Gerais. Os detalhes financeiros não foram divulgados, mas o objetivo é oferecer um espaço inclusivo que promova a arte e a cultura.

A Sala Cine Graciano, instalada em uma antiga loja de embalagens, visa atrair uma audiência diversificada, incluindo profissionais do audiovisual, moradores locais e estudantes. A programação dá prioridade a filmes que abordam os direitos humanos. A estreia contará com a exibição de três curtas que exploram temas como o cotidiano de operárias e relações opressivas.

O Cinema de Rua em Belo Horizonte

O cenário do cinema de rua na capital mineira tem mudado drasticamente. Muitos cinemas que antes faziam parte da vida cultural da cidade foram fechados ou transformados em estacionamentos e outras estruturas. Atualmente, apenas algumas salas de rua como o Cine Belas Artes, o Cine Santa Tereza e o Cine Brasil permanecem atuantes, mas enfrentam desafios para captar e manter o público.

A perda das salas de cinema de rua impactou a experiência coletiva de ver filmes. O escritor Rafael Sette Câmara, cofundador do movimento BH a Pé, afirma que o cinema de rua oferece uma imersão incomparável, proporcionando momentos de desconexão do cotidiano e conexão com a arte.

Seja no passado, como no famoso Cine Jax, onde nasceram amizades e músicas icônicas da música brasileira, ou agora, com a inauguração do Cine Graciano, o cinema de rua continua a ser um espaço vital para as comunidades, reforçando a cultura e o convívio social.

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