Neste domingo (30/11), uma caminhada para acabar com a violência contra mulheres e meninas tomou conta da Região Centro-Sul de Belo Horizonte. O evento, que é realizado desde 2017 e acontece em diversas capitais do país e do mundo, reuniu vítimas, familiares e defensores da causa em uma mobilização vibrante e cheia de esperança.
Os participantes se concentraram na Praça da Bandeira, no Bairro Mangabeiras, e seguiram pela Avenida Afonso Pena até o Tribunal de Justiça. Durante o percurso, o bloco de carnaval As Charangueiras animou a caminhada com música, trazendo energia ao ato.
Nesta 8ª edição, a caminhada contou com cinco alas temáticas: Mulheres do Brasil e Movimentos Sociais; Parceria de Peso; Justiça e Segurança; Pelo Fim da Violência Política de Gênero; e da Esperança: Juventude em Movimento. Esses grupos foram formados por representantes de diversos setores da sociedade, incluindo poder público, iniciativa privada e parlamentares, todos unidos pelo mesmo objetivo: o fim da violência de gênero.
Os participantes exibiram cartazes denunciando diferentes formas de violência, como a psicológica, física, sexual e patrimonial, além de mensagens incentivando as vítimas a denunciarem seus agressores. Um dos destaques do evento foi a presença de familiares da advogada Carolina da Cunha Pereira França Magalhães, que foi vítima de feminicídio em junho de 2022. Eles usavam camisetas com a foto dela e pediam justiça. O acusado da morte de Carolina, Raul Rodrigues Costa Lages, enfrentará julgamento no Tribunal do Júri de Belo Horizonte.
Dalva Domingos, uma das líderes do Grupo Mulheres do Brasil em Belo Horizonte, destacou que a caminhada começou em 2017 para dar voz à causa e que agora se estende a 42 países. Ela reconhece que, apesar dos avanços, os desafios ainda são grandes, dado que o machismo está profundamente enraizado na sociedade. “Estamos vendo um aumento no número de denúncias, que antes não aconteciam. Isso é um sinal de que as mulheres estão se sentindo mais corajosas para buscar ajuda”, disse Dalva.
Ela também alertou sobre a importância de manter as medidas protetivas para proteger as mulheres vítimas de violência. Algumas mulheres acham que, ao retirar essas medidas, podem voltar a se sentir seguras, mas, segundo Dalva, é fundamental buscar apoio e enfrentar a situação.
A promotora Denise Guerzoni Coelho, coordenadora do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher, reforçou a importância da união entre o estado, a iniciativa privada e a sociedade no combate à violência de gênero. Ela mencionou que, embora o número de feminicídios ainda seja alarmante, é fundamental continuar a luta por mudanças e proteção às vítimas.
O evento também trouxe à tona histórias pessoais de resistência. A vendedora Lana Lopes, de 38 anos, participou pela terceira vez da caminhada e compartilhou sua experiência de ter sido mantida em cárcere privado por seu ex-noivo. Lana descreveu como passou por três dias de tortura psicológica e física, e como, após conseguir escapar, recebeu apoio do Grupo Mulheres do Brasil. “A vida é feita de recomeços. Falo que fui vítima, mas escolhi não ser”, declarou Lana, emocionada.
O evento não apenas ressaltou os desafios, mas também a força e a determinação de muitas mulheres que buscam por um futuro sem violência, promovendo a conscientização e o apoio mútuo. A caminhada é uma plataforma para dar visibilidade a essa importante causa e encorajar mais mulheres a denunciarem abusos e buscar ajuda.