sexta-feira, 26 de dezembro de 2025
Notícias de última hora

Morre Teuda Bara, fundadora do Grupo Galpão, em BH aos 84 anos

EM 26 DE DEZEMBRO DE 2025, ÀS 07:29

Morte de Teuda Bara: uma perda para o teatro brasileiro

Teuda Bara faleceu na quinta-feira, 25 de dezembro de 2025, em decorrência de uma septicemia que resultou em falência múltipla dos órgãos. A atriz estava internada desde 14 de dezembro no Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte, Minas Gerais. O Grupo Galpão, do qual Teuda foi uma das fundadoras, confirmou a notícia em suas redes sociais, expressando a tristeza pela enorme perda que afeta o teatro nacional.

Trajetória no Teatro

Teuda Bara é reconhecida como um dos ícones do teatro mineiro. Nos anos 1980, ela ajudou a fundar o Grupo Galpão, que se tornou uma das companhias mais respeitadas do país. Sua participação na maioria dos espetáculos da companhia foi fundamental para consolidar o estilo artístico que ganhou reconhecimento tanto no Brasil quanto no exterior. Além de seu trabalho no teatro, Teuda também atuou na televisão e no cinema, deixando um legado de criatividade e generosidade.

Velório e Homenagens

O velório de Teuda ocorrerá na manhã de sexta-feira, 26 de dezembro, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. O Grupo Galpão expressou sua gratidão por tudo que Teuda representou, ressaltando a alegria, força e luz que a atriz trouxe em sua vida e carreira. O público é convidado a acompanhar as próximas homenagens que serão feitas em sua memória.

Uma Vida de Superação e Arte

Teuda Bara nasceu em 1º de janeiro de 1941, em Belo Horizonte. Sua infância foi marcada por contrastes: seu pai era um major dos bombeiros e também trombonista, enquanto sua mãe, devota, sonhava em vê-la como freira. Teuda estudou Ciências Sociais na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), onde se apaixonou pelo teatro amador, abandonando outras aspiracões profissionais para seguir a carreira artística.

Após passar por um noivado e viver uma fase hippie nos anos 1970, ela decidiu ser independente e aventurou-se pelo Nordeste. Sua estreia profissional ocorreu em 1976, com a peça “Viva Olegário”, onde recebeu o nome artístico em homenagem à atriz de cinema mudo Theda Bara. Nos anos 1980, cofundou o Grupo Galpão ao lado de outros artistas, participando de importantes produções, como “Romeu e Julieta” em 1992, onde interpretou a ama com muito humor.

Reconhecimentos e Contribuições

Teuda transitou com maestria entre diferentes linguagens cênicas, incluindo comédia, circo e dramas clássicos e contemporâneos. Nos anos 2000, fez parte do Cirque du Soleil em Montreal e Las Vegas, após ser convidada pelo diretor Robert Lepage, após o Galpão ter uma temporada bem-sucedida em Londres. Em 2007, ela recebeu o Prêmio Shell de Melhor Atriz pela peça “Gota D’Água”, além de ser agraciada em dezembro de 2025 com o Grande Colar do Mérito Legislativo de Belo Horizonte. Teuda também atuou em produções na televisão, como “Meu Pedacinho de Chão”, e no cinema, deixando seu toque na obra “O Palhaço”, dirigida por Selton Mello.

Um Legado Duradouro

Teuda Bara é lembrada por sua generosidade e coragem, permanecendo ativa até os 84 anos, colega e amiga no palco, sempre com sua risada marcante. Nos últimos anos, protagonizou a peça “Doida” em 2015 ao lado de seu filho, Admar Fernandes, e deixou um trabalho significativo como a peça “Nós” em 2016. Sua biografia, “Teuda Bara: comunista demais para ser Chacrete”, escrita por João Santos, é um testemunho de sua ousadia e das barreiras que desafiou ao longo de sua vida.

A contribuição de Teuda para o teatro e a cultura brasileira é indiscutível e seu legado continuará a inspirar futuras gerações de artistas.

Receba conteúdos e promoções