O sistema de transporte coletivo de Belo Horizonte deixará de arrecadar R$ 48 milhões em 2026 por conta do fim da cobrança de tarifas aos domingos e feriados. Essa perda representa 3,71% do total previsto para a arrecadação com passagens. Se incluirmos subsídios e outras fontes de receita, a perda chega a 2,33% dos custos totais do sistema. Esses números foram apurados a partir de dados divulgados pela Prefeitura de Belo Horizonte e apresentam um detalhamento do subsídio destinado aos ônibus.
De acordo com o relatório, a prefeitura estima que a arrecadação com as tarifas será de R$ 1,245 bilhão em 2026. Essa projeção se baseia na receita obtida entre janeiro e outubro deste ano, mas deve sofrer alterações, já que a tarifa principal aumentará de R$ 5,75 para R$ 6,25. Além disso, a prefeitura prevê uma redução mensal de R$ 4 milhões na arrecadação devido ao programa “Catraca Livre” implementado em dezembro, que isenta passageiros aos domingos e feriados. Para comparação, a expectativa para 2025 era de uma arrecadação de R$ 1,125 bilhão, ficando R$ 20 milhões abaixo do previsto para 2026.
### Subsídio ao Sistema
Os dados analisados fazem parte de um documento da Superintendência de Mobilidade Urbana (Sumob), que também revelou o valor do subsídio ao transporte coletivo que será pago pela prefeitura em 2026. O montante previsto é de R$ 756,9 milhões, 7,4% a mais do que os R$ 704,7 milhões destinados em 2025.
O cálculo do subsídio leva em consideração a variação de diversos indicadores, como inflação, taxa de juros e custos de combustível. Assim, o valor do subsídio é obtido subtraindo-se a receita das tarifas do total de custos do sistema.
Com a adoção da tarifa zero nos fins de semana, a prefeitura explicou que essa isenção seria financiada por meio de remuneração adicional às concessionárias. A perda de R$ 48 milhões com a gratuidade se aproxima do montante adicional de R$ 52,2 milhões que será destinado ao subsídio em 2026.
### Ação Judicial
Recentemente, o vereador Pablo Almeida protocolou uma ação no Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) para contestar o aumento de 8,7% na tarifa. Ele argumenta que a medida foi adotada sem a devida transparência, especialmente em relação aos custos associados à gratuidade aos domingos e feriados. Segundo Almeida, a gratuidade anunciada pela administração pública, sem a revelação dos custos, e ao mesmo tempo o ajuste de preços, não representa uma verdadeira política social, mas sim uma falta de clareza na gestão.
A reportagem buscou um posicionamento da Prefeitura de Belo Horizonte sobre essa ação judicial, mas não obteve resposta até o fechamento deste texto.