quinta-feira, 11 de dezembro de 2025
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Queda de hotel em BH destaca aumento de 42% em atendimentos por depressão

EM 4 DE DEZEMBRO DE 2025, ÀS 12:42

Tragédia em Belo Horizonte revela aumento nos casos de depressão

A queda do 10º andar de um hotel em Belo Horizonte, que resultou na morte de uma menina de seis anos e de sua mãe de 32, trouxe à tona a discussão sobre a saúde mental na cidade. A mulher, que se jogou com a filha, havia sido diagnosticada com depressão. Neste ano, a cidade registrou um aumento significativo, de 42%, nos atendimentos relacionados a essa condição na rede pública de saúde.

Dados da Secretaria Municipal de Saúde mostram que, entre janeiro e novembro de 2024, os atendimentos por depressão chegaram a 35.962 casos, enquanto em 2025, esse número saltou para 51.191. Isso representa uma média de 153 atendimentos por dia em diversas unidades de saúde.

A neuropsicóloga Gisele Dornelas explica que as pressões do cotidiano, incluindo preocupações financeiras e relacionamentos superficiais, têm provocado um estresse constante na população, afetando a saúde mental. Ela também destaca que a maior conscientização da população sobre problemas relacionados à saúde mental pode ter influenciado o aumento no número de atendimentos.

O crescimento dos casos de depressão em 2025 reverte uma tendência de queda que vinha ocorrendo nos últimos quatro anos. Durante a pandemia de Covid-19, os atendimentos atingiram o pico: 58.153 em 2021 e 57.317 em 2020. Após a flexibilização das medidas de isolamento em 2022, esse número caiu para 55.139, chegando a 51.946 em 2023. No entanto, o ano de 2025 trouxe um novo aumento.

A pandemia teve um impacto profundo na saúde mental dos brasileiros. Segundo a psiquiatra Cintia Braga, o trauma coletivo gerado por esse período fez com que muitas pessoas vivessem em constante estado de alerta, o que contribuiu para o desenvolvimento da ansiedade e da depressão. Estudos indicam que a crise sanitária serviu como um gatilho para agravar casos de pessoas que já tinham predisposição a esses transtornos.

Em conversas com familiares e amigos, ficou evidente que não é raro que pessoas com depressão não demonstrem sinais claros da doença. Uma amiga da mulher que se jogou da janela do hotel relatou que a depressão dela era “silenciosa” e que, apesar de estar em tratamento, ela parecia estar levando uma vida normal. A psiquiatra Cintia Braga explica que os sintomas da depressão podem ser variados: alguns podem passar despercebidos, enquanto outros mantêm uma rotina normal com dificuldade, enfrentando um grande sofrimento interior.

Importante lembrar que a depressão não é apenas uma fraqueza ou falta de fé, mas uma doença séria que afeta o modo como a pessoa pensa, sente e age. Os sintomas mais comuns incluem tristeza persistente, autodesvalorização, alterações de sono e apetite, entre outros.

Para tratar esses problemas, Belo Horizonte oferece uma rede estruturada de saúde mental. Existem oito Centros de Referência em Saúde Mental e outras unidades especializadas, onde as pessoas em situação de crise podem ser atendidas. A família e a sociedade desempenham um papel importante no apoio a quem está em tratamento, sendo essencial promover um ambiente de compreensão e incentivo à busca por ajuda.

Se você ou alguém que você conhece enfrenta problemas de saúde mental, é possível buscar apoio emocional de forma gratuita pelo número 188, do Centro de Valorização da Vida, que oferece atendimento 24 horas com total sigilo.

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