O termo “parassocial” ganhou notoriedade em 2025, refletindo a forte conexão emocional que muitos fãs têm com a cultura pop e influenciadores.
Muitas pessoas já se pegaram torcendo por uma celebridade como se a conhecessem pessoalmente, sentindo saudades de personagens de filmes ou séries, ou até conversando com chatbots como se eles realmente as compreendessem. Essa experiência é chamada de “relação parassocial”, um fenômeno que se tornou tão comum em 2025 que foi escolhido como a “palavra do ano” pelo Dicionário de Cambridge.
O aumento no uso do termo não foi ao acaso. O Dicionário de Cambridge, que recebe cerca de 350 milhões de visitantes todos os anos e tem mais de 1,5 bilhão de páginas acessadas, notou um grande crescimento nas buscas pelo termo ao longo de 2024. Um dos principais motivos para isso foi o grande engajamento dos fãs após o anúncio de noivado da cantora americana Taylor Swift com o jogador de futebol Travis Kelce. A extensa cobertura midiática do evento fez com que muitos fãs usassem a palavra “parassocial” em suas redes sociais, aumentando ainda mais o interesse pelo conceito.
O que é “parassocial”?
De acordo com o Dicionário de Cambridge, “parassocial” refere-se à relação que uma pessoa pode desenvolver com uma celebridade, personagem ou inteligência artificial que não conhece. Em resumo, é quando alguém cria um vínculo emocional, confiança e lealdade por algo ou alguém que não sabe que ela existe.
Embora o termo possa parecer recente, ele foi utilizado pela primeira vez em 1956 por sociólogos da Universidade de Chicago. Durante um estudo, eles descobriram que os telespectadores desenvolviam laços emocionais com apresentadores de TV, e isso ajudou a explicar a sensação de proximidade que tinham com essas personalidades, mesmo sem interagir diretamente.
O termo permaneceu restrito ao meio acadêmico até a popularização das redes sociais. Como destacou um especialista do Dicionário de Cambridge, “a palavra parassocial reflete o ambiente de 2025, pois o que antes era usado na academia agora está presente no cotidiano”.
Atualmente, as pessoas conseguem acompanhar os mínimos detalhes da vida de influenciadores, ouvir podcasts regulares, seguir celebridades que compartilham momentos íntimos e até interagir com chatbots, o que resulta em relações parassociais mais intensas e emocionalmente significativas.
Por que especialistas estão preocupados?
O fato de “parassocial” ser a palavra do ano indica que ela representa algo profundo em nosso modo de viver. A crescente solidão, a busca por companhia digital e a sensação de proximidade com quem admiramos são cada vez mais comuns. Embora esses vínculos possam trazer conforto e um senso de pertencimento, quando se tornam excessivos, podem se transformar em relações desequilibradas e prejudiciais.
A professora de psicologia social Simone Schnall, da Universidade de Cambridge, alerta que muitas pessoas podem criar uma ilusão de intimidade com influenciadores. Essa dinâmica pode levar a:
- Confiança excessiva, como se o influenciador fosse realmente próximo;
- Lealdade extrema, mesmo sem um vínculo real;
- Dependência emocional;
- Interpretações distorcidas da relação, onde se esquece que ela é unilateral.
A situação se complica ainda mais com o avanço das inteligências artificiais, que conseguem interagir e responder de forma empática, criando a sensação de um vínculo mesmo maior.
Como ter relações parassociais de forma saudável
Para lidar com as relações parassociais de maneira equilibrada, aqui estão algumas dicas práticas:
- Reconheça a unilateralidade: Entenda que você pode admirar alguém ou se identificar com um personagem ou IA, mas esse vínculo não é recíproco.
- Defina limites: Determine quanto tempo você dedica ao consumo de conteúdo de influenciadores ou chatbots.
- Mantenha a vida social “real”: Invista em relacionamentos presenciais ou emocionais verdadeiros para equilibrar suas interações.
- Questione a influência: Se sua opinião estiver sendo fortemente moldada por alguém que não conhece pessoalmente, pergunte a si mesmo o porquê.
- Use seu fascínio de forma criativa: Se você é fã de alguém, transforme isso em algo produtivo, como criar uma comunidade ou desenvolver um projeto relacionado, em vez de apenas consumir passivamente.
Fique atento a sinais de dependência emocional ou comportamentos extremos, como gastar além do que é saudável com fanatismos ou se sentir profundamente afetado por algo que uma celebridade compartilhou.